02/04/11

O Livro e as Suas Múltiplas Potencialidades



"Um país é feito de Homens e de Livros"
Monteiro Lobato

Cada livro é único. Não raro, ouvimos dizer algo como "os livros são todos iguais" ou "os livros não interessam para nada porque não trazem nada de novo". Quem profere tais afirmações não podia estar mais redondamente enganado, uma vez que cada livro é um universo particular e individualizado, uma perspectiva, uma maneira diferente de ver o mundo, encerrada em páginas feitas de papel por alguém que, de facto, sentiu necessidade de escrever o que escreveu. Assim, cada livro nos dá coisas diferentes, uma vez que cada autor foi um ser humano diferente, com um percurso de vida e preocupações diferentes e que um mesmo autor pode, a cada livro que escreve, desenvolver novos temas e apresentar mais um pouco - ou até uma forma actualizada - da sua posição em relação ao mundo, aos outros e às situações que se lhe vão deparando. Todos os autores imprimem ao livro um pouco de si - mesmo que o façam involuntariamente.

Posto isto, as erróneas frases que citei não têm qualquer validade, uma vez que, contendo um livro tal riqueza, é impossível que não tenha nada para dar. O problema está em querer receber o que ele tem para dar e é na má vontade de quem lê  - ou, melhor, de quem não quer ler - que reside a verdadeira barreira à transmissão do espírito e qualidades do livro para quem nele pousa os olhos.

Todos os livros - pelo menos os bons! -  nos enriquecem; cada um à sua própria maneira, mas todos o fazem. Não há nenhum livro que não acrescente nenhuma peça ao nosso puzzle exactamente porque não podemos partilhar ou conhecer a experiência e perspectivas de outrem sem nos enriquecermos e evoluirmos, pelo menos do ponto de vista humano, uma vez que são os outros quem nos enriquece e nos complementa porque, como dizia Aristóteles, quem não vive em sociedade, ou é um grande deus ou uma grande besta

Como tal, é impossível não sairmos modificados da leitura de um livro. Há sempre alguma coisa que muda, mesmo que não o percebamos logo, uma vez que o livro - como um conceito universal sob o qual se incluem todos os livros -, ao fornecer-nos a experiência alheia, dá-nos, por assim dizer, armas para encarar as diversas situações da vida e as adversidades do destino de modo a estarmos previamente munidos de saber ancestral ou, pelo menos, de alguém com uma experiência diferente e, talvez por isso, reconfortante, produto das formas que outros encontraram para se lhes opor de maneira a conseguirem atravessar os mares agitados da existência. Deixemo-nos pois navegar na aventura que é ler com a confiança de um marinheiro experiente, encarando com bonomia os novos desafios que o futuro trouxer, na certeza de que teremos na leitura um aliado fiel para todas as batalhas. 

Tomás Vicente (ex-aluno)

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